Ainda o Andorra Ultra Trail

Um dos Portugueses que participou na Andorra Ultra Trail, mais precisamente nos 170 quilometros da Ronda del Cims, foi o meu amigo e Capitão de equipa na aventura solidária Toca a Todos: João Colaço.

Este ano foi o melhor português ao terminar a Ronda del Cims na 19º posição, mas ainda assim o final teve um trago ligeiramente amargo pela falta de fairplay de dois outros atletas, que aproveitaram um erro do João para o passarem mesmo no fim da prova. O “espírito do trail” contradiz de todo este tipo de atitudes, mas sendo o Trail Running uma disciplina cada vez mais competitiva e com um número de praticante a crescer enormemente todos os dias, não me espanta nada que o “espírito do trail” comece cada vez mais a rarear por esses trilhos fora.

Fica aqui o testemunho do João Colaço ao Jornal de Leiria.

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NOTA: Imagem retirada do facebook do João Colaço, com o artigo publicado no Jornal de Leiria

Continuação de bons treinos e de boas provas!!!

Quem não vê caras não vê corações

Quem não vê caras não vê corações, e vem isto a propósito da descrição do João Mota da subida para o pico de Comapedrosa no Andorra Ultra Trail (a tal que dava direito ao peso em canja de galinha para o atleta mais rápido a subir). Diz ele a certo momento:

“Seriam 2kms e 1000 mts de desnível positivo. Brutalidade pura.

Do outro lado da montanha esperava-me uma dura e inclinada descida sempre serpenteando pela montanha.

A subida inicia-se num caminho com ervas e acentua-se progressivamente até entrar em pedra solta mas pesada. Muito rugoso, os cuidados tem que ser redobrados. A subida demora precisamente duas horas para fazer estes dois quilómetros.

Sempre, Sempre, Sempre a subir em direção ao Céu.”

(Podem ler o texto completo do João Mota acerca da sua participação na Ronda del Cims, clicando aqui.)

No meu caso particular até demorei um pouco menos de duas horas para completar a subida, mas também ainda não tinha 44 km nas pernas. Na minha prova a subida para o pico de Comapedrosa iniciava aos 15 km.

Curiosamente confesso que não me custou muito esta subida. Ou melhor, custar custou, mas tive duas grandes vantagens face ao João Mota:

1 – Não fui visitar esta “parede” antes da prova;

2 – Fiz esta parte do percurso durante a noite enquanto ele a fez durante o dia.

Comapedrosa

O trilho que fizemos (a laranja) de Pla de L’Estany ao Pico Comapedrosa. Para quê ir dar a volta se podemos ir a direito?… 🙂

O que “ganhei” eu com isso? Não tive o impacto visual de olhar “lá para cima” e ver uma parede interminável para subir.

E pode parecer que não, mas este aspecto meramente psicológico pode fazer alguma diferença na motivação de chegar lá acima. No meu caso sabia que o trilho era sempre a subir e subi, bem podia olhar para cima que apenas via, aqui e ali, umas luzinhas dos frontais de outros atletas. Não tinha de todo a noção da inclinação ou do trilho que havia para subir. A luz do frontal e a inclinação da subida limitavam o meu raio de visão a poucos metros à minha frente, e assim subi até ao topo do pico Comapedrosa, sem grandes expectativas nem preocupações, para o bem e para o mal.

Quem não vê caras não vê corações ou, neste caso, quem não vê trilhos não vê inclinações.

Continuação de bons treinos e de boas provas!!!

A primeira decisão para a época de 2016

Está tomada a primeira decisão para a época 2016 que, a bem da verdade, é a segunda.

Trocando por miúdos, o objectivo principal para 2015 seria a participação no Ultra Trail Mont Blanc. Tendo um azar natural em tudo o que não depende do mérito próprio e passa antes por jogos de sorte ou azar como são os sorteios, “naturalmente” não fui sorteado para participar na edição de 2015.

Este passou a ser o objectivo para a época desportiva de 2016, ir correr e desfrutar da mais mítica prova de Ultra Trail do mundo. Pelas regras definidas no regulamento do UTMB, terei no sorteio de 2016, o dobro das probabilidades de ser sorteado relativamente a 2015, na prática é como se tivesse dois bilhetes de lotaria no sorteio em vez de apenas um. No entanto creio que a minha falta de fortuna nestas coisas tem uma forte possibilidade de se continuar a manifestar e que o UTMB ficará lá para 2017, onde caso não tenha sorte no sorteio de 2016, terei entrada directa (isto se até lá não mudarem as regras).

AUT_CompedrosaEsta lenga-lenga toda para chegar à partilha convosco, de que caso a falta de sorte se continue a manifestar para o UTMB, já decidi que em 2016 irei repetir o Andorra Ultra Trail, não no Mitic Ultra Trail, mas desta vez nas 100 milhas mais duras da Europa na Ronda del Cims.

Esta descrição do João Mota (clicar aqui para ler o texto) ilustra excelentemente o que é a Ronda del Cims.

É um desafio brutal e só não é do outro mundo porque é mesmo ali em Andorra.

Continuação de bons treinos e de boas provas!!!

Não me estou a ver ali umas 40 horas a correr

A prova principal do Andorra Ultra Trail é a famosa Ronda Del Cims, corrida de 170 Km com 13000 metros de desnível positivo, considerada a mais dura corrida de 100 milhas da Europa.

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O grande campeão Armando Teixeira

Nela participaram alguns atletas portugueses, entre os quais o Armando Teixeira que em 2014 terminou a Ronda Del Cims em segundo lugar, o que consequentemente gerou alguma expectativa entre os amantes da modalidade acerca da sua participação na edição deste ano.

Infelizmente este ano não conseguiu repetir o feito, tendo abandonado a prova aos 60 km do percurso.

Já em Andorra junto à meta, tive oportunidade de conversar com ele e questioná-lo se se tinha lesionado ou tinha ocorrido algum azar que o tivesse levado a desistir, ao que me respondeu com a maior das naturalidades: “Está tudo bem, não me sentia nos meus dias e não me estava a ver ali umas 40 horas a correr”.

É esta a “pequena” diferença entre os atletas de topo como o Armando e os atletas de pelotão como eu, que se concluísse a prova de 112 Km e 9700m D+ em menos de 40 horas já ficaria satisfeito.

Resta acrescentar que o primeiro classificado terminou os 170Km com 13000m D+ em 31:08:58 e o último classificado terminou em 64:39:08. O tempo médio para conclusão da prova dos 162 finishers deste ano foi de 51:35:14.

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João Mota e João Colaço na sombra dos Japoneses 🙂

O primeiro português a cruzar a meta da Ronda del Cims de 2015 foi o João Colaço, na 19ª posição, com o tempo de 40:29:38. O João Mota com quem tive oportunidade de fazer a viagem para esta aventura, concluiu num brilhante 54º lugar, com 48:53:58 de prova.

Continuação de bons treinos e de boas provas!!!