Subir a montanha

Faltam 9 dias para iniciar a minha ultima grande aventura de 2015, os 112Km do UTAX.

Já aqui me “queixei” que até ao final do ano é correr em modo de serviços mínimos, mas espero ainda arranjar a força nas pernas necessária para completar o UTAX.

Olhando para o perfil altimétrico dos desafios de 2015, aparentemente o UTAX seria aquele que menos preocupações deveria causar, mas no entanto passa-se precisamente o contrário.

O objectivo que defini há cerca de 11 meses atrás foi o de completar três provas acima de 100 Km em 2015. Escolhi para concretizar esse objectivo o MIUT (a amarelo na imagem), o Andorra Ultra Trail Mitic (a castanho) e o Ultra Trail Côte d’Azur Mercantour (a violeta).

E onde entra o Ultra Trail Aldeias de Xisto (a verde)?

altimetria 2015

MIUT, AUT Mitic, UTCAM, UTAX

Pois é, não deveria entrar, mas com a entorse e respectivo abandono aos 31Km do AUT Mitic, o UTAX surgiu como a alternativa de não falhar o objectivo de 2015.

Comparando o perfil das quatro provas, o UTAX até parece fácil, mas não o vai ser de todo. O piso vai ser muito duro, possivelmente muito escorregadio e molhado, o que vai tornar a progressão difícil e obviamente muitas cautelas na corrida.

Por outro lado a recuperação do UTCAM ainda não está completamente concretizada. O plano de recuperação e de treinos não foi o melhor, no curto espaço de tempo entre as duas provas, e a energia nas pernas está longe dos 100%. Sinto-me agora como se estivesse a começar a época, com as dificuldades inerentes a quem recomeça a correr, e a quem ir correr 112 km de seguida parece uma autêntica miragem.

Veremos se a experiência acumulada nas últimas provas vai ser útil na gestão desta corrida e assim consigo chegar ao fim com sucesso.

Até lá são 8 dias de treino de força e recuperação no Kalorias, com algumas corridas à mistura e muita vontade que chegue a hora da partida. O UTAX pode parecer uma brincadeira ao pé das outras, mas não o será de certeza absoluta.

Continuação de bons treinos e de boas provas!!!

Grande Trail Serra d’Arga 2015

Domingo estive no Grande Trail Serra d’Arga.

Segundo o meu planeamento para 2015 (definido em Novembro de 2014), esta deveria ser a última ultra da época, já em ritmo de passeio e para desfrutar o ambiente. Era esse o meu plano mas o destino quis trocar-me as voltas.

Uma entorse e o consequente abandono na Mitic Andorra Ultra Trail, deitou abaixo o meu objectivo de completar três ultras de três dígitos no ano de 2015. MIUT, MITIC e UTCAM eram os objectivos, e o azar no MITIC “ia” deitando tudo a perder. E agora digo “ia”, porque mais tarde decidi tentar completar o objectivo a que me propus para 2015, tentando finalizar o UTAX.

Os planos são feitos para se mudar, mas quando se tenta planear e preparar uma época de corridas penso que o útil será alterar o menos possível, para que o desempenho possa corresponder ao treino e objectivos definidos inicialmente e, o também esforço logístico tenha o menor impacto na vida pessoal.

Dito isto, Domingo estive no Grande Trail Serra d’Arga.

O Nuno bom queria fazer uma prova em ritmo treino, descansado e sem grande stresses, como último treino longo entre o UTCAM e o UTAX. O Nuno mau, por seu lado, queria fazer uma corrida mais rápida, onde no limite não fizesse pior tempo que na prova do ano passado. Foi assim que comecei a corrida, com esta dicotomia de pensamento.

Soou a partida com a última badalada das 8h00 no sino da Igreja de Dem, e lá fui eu com o restante pelotão lançados à Serra d’Arga.

Confesso que já não tinha grandes memórias do percurso, tinha uma ideia das subidas e descidas, mas já me lembrava de onde exactamente estava o quê. Mas, com o início de cada troço, a prova do ano passado ia-se reavivando na memória e ia-me relembrando de cada momento que vivi em 2014. Subi assim o primeiro troço. O Sr. Ribeiro andava por lá a puxar por atletas e gozava comigo por constatar que ia fazer a prova grande, em vez de recuperar depois do UTCAM. Fui pensando nisso, enquanto o Nuno mau fazia com que puxasse mais um pouco. O ritmo estava razoável mas ia a perder algum tempo face a 2014. A subir não havia problema, mas a descer, num percurso que apela ao ritmo forte e à velocidade, ia a perder algum tempo. Com os problemas que ocorreram no tornozelo esta época, começa agora a reaparecer a confiança para “colocar o pé” e correr sem medo, mas esta ainda não está restabelecida a 100%. O Nuno bom queria acalmar e relaxar um pouco, mas o Nuno mau não o permitia, e foi assim a controlar o relógio que fiz as subidas e descidas até à subida do quilómetro vertical, que subi já com algum cansaço mas sem dificuldade.

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Chegado lá acima, Km 28, aproveitei para refrescar o chapéu e a cabeça que o calor que se fazia sentir era muito. Ia a perder cerca de 20 minutos para 2014 e recomecei a correr rumo a São Gonçalo de Montaria. Seriam 5 Km planos e a descer até lá até que os quadricípites começaram a reclamar do esforço que ia a fazer até ali. Momentos de “porrada” entre o Nuno bom e o Nuno mau. Um queria abrandar e seguir confortável, outro queria continuar no mesmo ritmo… Paragem para reflectir, ouvir o corpo e não dei razão nem a um nem a outro, decidi seguir calmamente até São Gonçalo de Montaria e ficar por ali aos 33 Km, afinal o objectivo do ano ainda está por cumprir e só faltam 3 semanas para o UTAX.

Nunca fico satisfeito quando tenho de encurtar ou abandonar um objectivo, mas a recuperação do UTCAM não foi tão rápida quanto o previa e há que ter a consciência de que não somos imortais. Ficou feito o Grande Trail da Serra d’Arga, desta vez em prova curta de 33Km. A prova em si continua bem organizada e a corresponder ao anunciado, apanágio das provas do Carlos Sá. Foi uma grande festa do Trail e quem não conhece esta prova não perca a edição de 2016.

Continuação de bons treinos e de boas provas!!!

Ultra-Trail® Côte d’Azur Mercantour, os primeiros kms

O dia começou cedo contrariando a prevista manhã de descanso antes da partida. Na chegada a Nice, na véspera, já não foi possível levantar o dorsal para o dia seguinte porque a zona de Expo encerrava às 19h00, tendo esta tarefa de ficar adiada para o dia da corrida. O dia começou assim por volta das 8h00, com o objectivo de levantar o dorsal às 12h00, para partir às 13h00. Longe de ser a ideal, foi a gestão possível para esta prova.

11h45 e estava na zona Expo, situada no paredão junto ao Mar Mediterrâneo e onde atletas e acompanhantes se acumulavam já em grande número. A brisa do mar corria muito leve e fresca, enquanto o calor apertava cada vez mais, a rondar já os 30º. Este era um factor de preocupação, já que a previsão era de correr com cerca de 24º e tempo nebulado, que seria bem mais suave do que correr à torreira do sol com 30º. Afastei esta preocupação da mente e fui levantar o dorsal. O processo de levantar o dorsal, englobava também um controlo 0 ao material obrigatório, e foi talvez o processo de levantamento de dorsal e controlo de material mais eficiente em que já participei. Umas semanas antes já tinha recebido um voucher com toda a informação e que deveria entregar para levantar o dorsal. Dirigi-me à fila para o efeito, que já não tinha ninguém à minha frente, entreguei o voucher e a documentação que tinha sido solicitada. Validaram a informação, deram-me um cesto tipo supermercado com o saco com o dorsal e alguns brindes, e tive de lá colocar a mochila com o equipamento. Aí segui numa linha tipo restaurante self-service, e o cesto chegou ao balcão seguinte, onde validaram novamente o número do dorsal e colocaram uma tag identificativa na mochila que ia utilizar. Segui para o balcão seguinte da linha e simpaticamente pediram-me para abrir a mochila e mostrar o material obrigatório, que confrontavam com a lista do mesmo afixada na mesa. Tive de mostrar os bidons para a água, o casaco impermeável, assoprar o apito, mostrar o frontal e as pilhas suplentes, a reserva alimentar, a manta térmica, a ficha médica que era obrigatório levar, e por fim o telemóvel onde se certificaram que tinha gravado o número de emergência da organização. Havia outro material obrigatório no regulamento, mas esta era a lista reduzida de material que era verificado. Foi um processo rápido e eficaz e que, devidamente organizado, não custou nada a efectuar. De seguida ao processo de levantamento do dorsal e controlo 0, fui ainda a outro balcão devidamente identificado para entregar o saco com a muda de roupa e outros acessórios para a Base de Vida dos 75 Km, sensivelmente a meio da prova. Em todo este processo não demorei mais de 10 minutos, fruto da eficiência da “linha de montagem” que ali estava engendrada. Formalidades cumpridas e tive tempo de relaxar mais um pouco, apreciar a zona da Expo, tirar as fotos da praxe de vários ângulos e feitios, e dar uma vista de olhos rápida aos stands dos patrocinadores. Estava pronto para o início, mas ainda faltava quase uma hora para a partida. Os lugares com sombra estavam praticamente todos ocupados por outras pessoas, pelo que o melhor que arranjei foi um lugar entre a ciclovia e o paredão. Tentei descansar as pernas o mais que pude nessa hora, já que o calor não parava de aumentar e o início de prova que previa ser calmo iria ser muito propício a desidratação fácil.

UTCAM 7

Faltavam 15 minutos para a 1 hora e começou a festa da partida propriamente dita. O speaker foi para o palanque e não mais se calou, apresentou atletas que ficaram bem classificados no UTMB e no CCC, falou da prova, foi desenrolada uma tarja (ao melhor estilo das claque de futebol) de promoção da prova por cima de todos os atletas que fez um efeito muito giro visto de cima filmado do drone, até que finalmente chegou o Sr. XPTO para dar a partida. Já eram 13h15 e este atraso foi perfeitamente desnecessário. Esta partida não foi a partida oficial da prova, mas sim a partida para um prólogo de 4,5 km que antecedeu a partida oficial da corrida, já mais nos arredores de Nice. A partida oficial era às 14h00 pelo que teríamos 45 minutos para cumprir estes 4,5 Km de promoção da prova. Cruzámos todo o centro de Nice num longo pelotão, já que houve quem aproveitasse para começar a correr forte, e quem aproveitasse para fazer uma simples caminhada de aquecimento. Cruzámos um dos famosos jardins, diversos pontos de interesse de Nice, e a população aplaudia e encorajava os atletas, alguns sem perceberem exactamente que coluna seria aquela. Todo o percurso foi sempre acompanhado pela polícia municipal lá do sítio e pela organização, minimizando o impacto quer para o trânsito quer na progressão dos atletas, o que me pareceu muito bem conseguido. Entretanto chegamos ao local da partida, olho para o relógio e eram quase 14h00. Aquela caminhada tinha feito bem às pernas e sentia-me solto e leve para enfrentar os 141 Km que aí vinham.

O pelotão deveria ter pouco mais de 500 atletas, com cerca de 400 para fazer a prova a solo, e os restantes na variante de 2 ou 4 estafetas. Passavam uns 8 minutos das 14h00 quando suou o tiro de partida.

UTCAM 8

Iniciei o percurso num trote suave no meio do pelotão, enquanto tentava enquadrar-me junto de algum grupo de atletas que mantivesse um ritmo semelhante ao que pretendia seguir, mas digamos que isto foi uma tarefa impossível. Mentalmente tinha dividido o percurso em 12 segmentos que correspondiam aos segmentos entre cada abastecimento.

Este primeiro segmento apresentava 11 Km de Nice até Tourrette-Levens. Sendo os primeiros 7Km a subir 690m D+ até ao cume do Mont Chauve. Os primeiros 3 Km foram quase sempre em alcatrão numa zona de impetuosas moradias, que iam rareando à medida que se ia subindo. Os 30 graus apertavam e não foi preciso rolar muito para ficar encharcado de suor. A partida estava já a quase 2 km, mas estava num ponto do pelotão em que todos caminhavam e ninguém ensaiava sequer um pequeno trote, o que me estava a irritar e também a intrigar. Esta era a menor de todas as subidas e se não corresse aqui iria fazer todas as outras de gatas, pelo que recomecei um ligeiro trote e depois uma corrida ligeira e controlada. Aos 3 Km acaba o alcatrão, entra-se num parque e começa o trilho. Finalmente o trilho e a fazer-me relembrar em algumas zonas as Serras da Arrábida e de Sintra. Após o primeiro quilómetro no trilho percebi aquilo que me esperava, muita pedra e muita gravilha ao longo de todo o percurso, o tipo de terreno mais impróprio para os meus pés e tornozelos. Mas já ali estava e agora era para ir até ao fim.

UTCAM 6

Subi, subi, e atrás de mim ia deixando uma paisagem espectacular. Sempre que olhava para trás via toda a montanha a descer até à cidade de Nice, a cidade a estender-se até ao mar, e o mar azul a estender-se até ao infinito, e ainda o sol vermelho que estava bem lá no alto, mas brilhava intensamente no mar. Chegado ao cume foi descer tudo até Tourrette-Levens onde existia um abastecimento apenas de líquidos, mas que foi muito importante para repor água nos bidões, já que estes 11 Km com 30º equivaleram a mais de 1 litro de água bebida. Em Tourrette, uma vila pequena, o abastecimento aconteceu no meio de uma praça, com muito público a aplaudir e encorajar os atletas. Não perdi muito tempo e segui para o segundo segmento, este de 8 Km entre Tourrette-Levens e o Col de Châteauneuf, que brindava com uma subidinha de 430m D+. Foi um troço calmo, que confirmou a presença de pedras e pedrinhas ao longo de todo o trilho, feito em ritmo moderado de quem ainda tem muitos quilómetros pela frente. A principal surpresa estava a ser o facto de que o trilho era basicamente um single track. 90% dos primeiros 100 quilómetros seriam percorridos sempre em single track, não daqueles fechados e cheios de vegetação, mas um single track em que apesar do espaço livre à nossa volta não caberia mais ninguém ao nosso lado. Os primeiros 33 Km da prova seriam os mais apertados em termos de tempo, ainda assim pensava ter uma margem bastante confortável para gerir. Saí do abastecimento dos 19 Km e tinha cerca de 1h30 de avanço sobre o tempo limite de passagem. Aqui tive a certeza que tudo o que a organização tinha dito sobre a prova era verdade. Este seria um dos abastecimentos ligeiros, e estes eram compostos essencialmente por líquidos (água, água com gás, coca cola, chá, café e isotónico) e comida ligeira (bolachas de água e sal, bolachas salgadas, frutos secos, batatas fritas e uma espécie de presunto). Todos os sete abastecimentos ligeiros não forneciam mais do que isto. Nada do que havia para comer me inspirou muita vontade, pelo que bebi um café, comi uma das minhas barras e segui em direcção à primeira base de vida aos 33 Km. Este segmento: Col de Châteauneuf – Levens, tinha 14,5 Km e a principal dificuldade seria a subida ao Mont Férion, que apresentava quase 800m de D+ e a respectiva descida até Levens que tinha outro tanto de desnível negativo em cerca de 4 Km. Quase a chegar a Levens assisto ao primeiro acidente. Seguia a descer em bom ritmo na traseira de uma fila indiana de um grupo de mais 4 atletas, quando o segundo da fila fica com um bastão preso nas rochas e voa literalmente pela ravina abaixo. Felizmente, ao contrário de outras zonas da prova, esta ravina não era muito profunda nem pronunciada ficando ele apenas a 3 metros abaixo de nós. Aparentemente a queda “apenas” lhe causou várias escoriações nas pernas e braços, o que a ser assim terá sido uma grande sorte, tal o voo que este deu. É por estas e por outras que pessoalmente nunca utilizo os bastões para descer rápido em zonas de pedra e rocha. O risco de ficarem presos entre rochas é enorme e as consequências podem ser bem graves. Este acidente disparou um pouco de adrenalina extra, o que curiosamente me tranquilizou e segui até à base de vida muito tranquilo. Cheguei com 6 horas de prova e perto de 2200 metros de desnível positivo à base dos 33 Km. Inicialmente tinha pensado fazer a prova o mais depressa possível, mas com bastante tempo para completar a prova, decidi ali que esta seria a prova perfeita para experimentar novas situações que poderão servir de experiência para o futuro. Tomada a decisão, pousei bastões e mochila numa cadeira, sentei-me noutra, e aproveitei a preciosa ajuda da Marisa, para me ir tratar de tudo no abastecimento. Na base de vida havia de tudo. Além das bebidas e da comida que referi nos abastecimentos ligeiros, tínhamos sopa, massa, queijo, bolonhesa, molho de tomate, pão, bananas, laranjas, barras energéticas, e eventualmente mais duas ou três coisas que agora não me recordo. Também havia casa de banho, duche, podologista, fisioterapeuta e zona de massagens com pelo menos uns 10 massagistas. Havia igualmente uma zona de dormida para quem quisesse, já ali, passar pelas brasas.

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Entre comidas, casa de banho e relaxar um pouco, passaram 50 minutos. É muito fácil perder horas parados em abastecimentos, quando estes são confortáveis e estamos cansados.

Saí assim desta base de vida com 7 horas de prova, o que equivalia a uma folga de 1h30 relativamente ao tempo limite para sair desta base. Outra novidade para mim nesta corrida, o controlo electrónico era efectuado à saída de cada base, sendo esse o tempo registado como oficial, e não à entrada dos abastecimentos como é costume cá no burgo, apesar de muitas vezes no regulamento dizer que se tem até à hora XX para sair do ponto de controlo. Por lá também o escrito no regulamento bateu certo com a aplicação prática no terreno.

Era já de noite pelo que tive de ligar o frontal. O objectivo era tentar chegar à próxima base de vida dali a 42 Km ainda de noite, para lá tentar dormir um pouco.

Continua…

Continuação de bons treinos e de boas provas!!!

Ultra-Trail® Côte d’Azur Mercantour, a primeira impressão

Estes franceses sabem bem aquilo que fazem, é a minha primeira opinião após a participação na primeira edição do Ultra-Trail® Côte d’Azur Mercantour.

Uma organização muito profissional com um grande envolvimento das entidades políticas locais e da região dos Alpes Marítimos, numa primeira edição que foi promovida sobretudo para consumo interno, mas que agor, após o sucesso desta primeira edição, terá todas as condições para se potenciar como uma das provas muito interessantes do calendário europeu dos ultras trail.

Quanto a mim tive o gosto especial de ser o primeiro português a participar e terminar esta prova, (era o único português em prova), e pela primeira vez cruzei a meta com a bandeira Portuguesa ao colo em provas de trail, o que também me deu um especial orgulho no final.

Lá como cá, o fenómeno das inscrições versus participações em provas parece existir. Inscreveram-se para participar nos 140 Km do Ultra-Trail® Côte d’Azur Mercantour 713 atletas, tendo comparecido à partida apenas 402 atletas, dos quais apenas 28 eram mulheres.

No final concluíram a prova 191 atletas (47,5% dos participantes), tendo desistido ao longo do percurso 211 atletas (52,5% dos participantes). Apenas 6% dos atletas eram estrangeiros e representaram 14 diferentes nações.

UTCAM 2Em termos pessoais o objectivo era terminar a prova cumprindo os regulamentos, objectivo que consegui em 46:44:29, posição 167 da classificação geral, numa prova que teve como principal vantagem poder descobrir como reage o meu corpo a situações novas e descobrir os prós e contras de dormir 1 hora durante a prova, dos efeitos de um duche a meio da prova, dos efeito de uma massagem com gel frio a meio da prova, de uma alimentação diferente durante a prova,… uma série de situações para mim novas, que o simpático tempo limite de 50 horas para concluir a prova, me permitiram testar com vista a outros desafios no futuro.

A prova em si teve tanto de interessante como de dura. O início da prova foi na cidade de Nice e o final seria na vila de Saint-Martin Vésubie, sendo o percurso anunciado com pouco mais de 141 Km, 10000 metros de D+ e 9000 metros de D-. No entanto a prova não começaria no Km 0 como habitual mas sim no Km -4,5 ou seja, existiu um prólogo inicial de 4,5 Km (inicialmente eram para ser 6,5 Km mas a organização “atendeu” às reclamações dos participantes e encurtou este prólogo), onde os atletas partiram do passeio marítimo junto ao mar e cruzaram, ao melhor estilo da Volta a França, alguns dos principais pontos de interesse de Nice, até ao local oficial da partida no Km 0, promovendo a prova junto da população e turistas. Diria que 90% da prova terá decorrido em single tracks e que mais de 90% do percurso era em pedra, pedrinhas, gravilha ou coisas tais, o que obrigava a uma atenção e concentração mais do que constantes para não se correr o risco de torcer um tornozelo, escorregar ou cair. A temperatura durante o dia rondou os 30 graus, o que se tornou um desafio para a gestão da hidratação e à noite, sobretudo na segunda noite sempre acima dos 2000 metros, eram bem negativas.

UTCAM 1Do início ao fim do percurso subiu-se a 12 cumes, dois entre 600 a 1000 metros, dois entre 1000 a 1500 metros, três entre 1500 a 2000 metros, três entre 2000 e 2500 metros e dois acima dos 2500 metros de altitude.

Apesar de esta ser uma primeira edição, a organização mostrou-se muito profissional e efectiva, com uma zona de Expo e levantamento dos dorsais muito eficiente e interessante, marcações no terreno ao melhor nível, bases de vida com condições quase irrepreensíveis, e cerca de 600 voluntários, muitos deles ao longo de todo o percurso, que sabiam exactamente onde estavam e o que estavam a fazer, e que prestavam de facto uma ajuda efectiva aos atletas que precisavam.

Feita a primeira introdução ao Ultra-Trail® Côte d’Azur Mercantour, aguardem agora pelas histórias da prova.

Continuação de bons treinos e de boas provas!!!

Ultra Trail Côte d’Azur Mercantour Here We Go!

Faltam pouco mais de 24 horas para o início do Ultra Trail Côte d’Azur Mercantour.

Sexta feira a partir das 12:00 podem seguir-me com o dorsal número 470  clicando aqui.

Podem também acompanhar as actualizações automática no meu facebook e twitter com a hashtag #Ultratrail06

A minha cábula para esta prova será esta:

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A forma não é a melhor mas é que se arranjou para este desafio. Como se costuma dizer: Treinasses!!!

Por falar em treino, foi fundamental a ajuda do Kalorias Club de Linda-a-Velha e do IMT – Instituto de Medicina Tradicional para afinar o corpinho. Cliquem nos links e descubram as interessantes campanhas deste mês 😉

Continuação de bons treinos e de boas provas!!!

Em contagem decrescente

Faltam 8 dias para a partida de mais uma grande aventura, o Ultra Trail Cotê d’Azur Mercantour. Serão cerca de 146 Km com partida em Nice e chegada a Saint Martin-Vésubie, cruzando os Alpes Marítimos pelo Parque Nacional Mercantour num total de 10000 metros de desnível positivo.

É a primeira vez que vou tentar fazer uma prova com tantos quilómetros, o máximo que fiz de uma vez foram 115, mas penso que com alguma sorte e discernimento irei chegar ao fim. Sorte no que diz respeito a lesões, (para não acontecerem azares como no Andorra Ultra Trail), e discernimento no que diz respeito à gestão do esforço e da corrida, os primeiros 40 km tenderão a ser muito rápidos e se o esforço não for bem gerido pode vir a revelar-se fatal na segunda metade da prova que é demolidora.

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O treino possível foi feito, a prova está preparada e planeada, falta fazer malas e juntar-me aos restantes 531 atletas que vão fazer igualmente este Ultra Trail.

Para quem gosta de preparar antecipadamente as provas ou é simplesmente curioso acerca destes detalhes, deixo aqui o link para o roadbook desta prova. Ficou disponível 40 dias antes da partida e vale a pena uma leitura para perceber o nível de organização. Cliquem aqui para baixar o roadbook. No final virei aqui dizer se tudo correspondeu às expectativas.

Até lá vou ganhando inspiração e motivação extra com as façanhas dos amigos pelas provas do Ultra Trail Mont Blanc. Muitos amigos já terminaram os 119 km do TDS e outros continuam em prova, a equipa do Diogo continua a percorrer os 300 Km do PTL, outros já percorrem os 53Km do OCC e amanhã começam os 101 Km do CCC e os 168 Km da prova rainha UTMB, todas com muitos amigos também presentes.

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E hoje também é dia de apoiar o Nélson Évora na final do triplo salto do Campeonato do Mundo de Atletismo. Desejamos que traga de lá uma medalha!!!

Continuação de bons treinos e de boas provas!!!

Inveja da boa

Começou a festa.

Melhor, começaram as festas!

Esta semana e as seguintes, concentram um sem número de provas de Ultra Trail tão famosas e interessantes, que se todas elas fossem transmitidas na televisão seria uma espécie de Campeonato do Mundo de Futebol, com provas todos os dias e a todas as horas.

UTMBO interessante aqui, é que há tantos amigos a participar nestas provas que o esforço necessário para as acompanhar e para saber novidades das mesmas é quase mínimo, tal a velocidade da informação que circula pelos mais diferentes meios virtuais.

Ora isto acaba por causar alguma inveja, inveja da boa entenda-se, tal o número de fotos de paisagens e trilhos espectaculares, em lugares remotos, em lugares famosos, com estrelas das corridas…

GRP

É amigos na PT281+, é amigos no Grand Raid des Pyrénées, é amigos já em Chamonix para o Ultra Trail Mont Blanc que começa no final da semana, é amigos a caminho do Tor de Geans, é amigos um pouco por todo o mundo…

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Bem vistas as coisas também eu estou em contagem decrescente para o Ultra Trail Cotê d’Azur Mercantour, em quinze dias lá estarei na partida para o empeno e será a minha altura de causar inveja da boa a alguém.

Continuação de bons treinos e de boas provas!!!

II Summer Trail Camp – Dia 1

O primeiro dia do II Summer Trail Camp decorreu conforme o previsto. Estava planeado fazer um treino de cerca de 25 quilómetros, pelo que aproveitámos para seguir o track do trail curto do Estrela Grande Trail organizado pelo Armando Teixeira, que seguia em grande parte a Rota do Carvão e cumpria os requisitos que pretendíamos.

Fomos cinco os que efectuámos este treino, que teve início em Manteigas e começou logo com a famosa subida às Penhas Douradas, onde subimos 750 metros em pouco mais de 6 quilómetros. Seguimos por um trilho muito bonito e verdejante até à Represa de Vale do Rossim que circundámos e, onde aproveitámos para reabastecer aos 11 quilómetros de treino. O dia estava quente, o sol brilhava lá no alto, e esta pausa técnica para reabastecer soube bem. Desfrutar, ainda que por poucos minutos, do espelho de água de Vale do Rossim é sempre de uma satisfação imensa. Seguimos em direcção à Nave Mestra por um trilho inóspito, com muito vegetação rasteira e seca, e algumas subidas e descidas pelos barrocos do maciço central da Serra da Estrela, o que deu alguma emoção ao percurso.

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Represa do Vale do Rossim

A Nave da Mestra encontra-se num local isolado da Serra da Estrela a cerca de 1650 metros de altitude. É apenas acessível pé e é dominado por um colossal bloco granítico. Reza a história, que apaixonado pelo local, um juiz de Manteigas mandou construir na base do grande bloco granítico, em 1910, uma pequena casa de férias. A sua construção foi concretizada pela mão-de-obra vinda de Manteigas em cima de mulas por um caminho que ainda hoje existe, ajudada por macacos hidráulicos utilizados para levantar as gigantes pedras, incluindo aquela que faz de telhado à casa. Esta obra é comprovada pela inscrição que ainda se pode ler na construção principal por cima da porta, “Dr. J.Matos – Barca Hirminius – 1910”.

Nave Mestra

Íamos com cerca de 16 quilómetros de treino e foi aqui que alterámos o rumo do nosso treino, agora novamente em direcção a Manteigas. Tal como até à Nave Mestra, seguimos por um trilho de vegetação rasteira, até chegarmos a uma descida técnica e bastante inclinada que deu muita adrenalina a fazer. Este era o primeiro dia do II Summer Trail Camp e não devíamos abusar, pelo que o ritmo da descida foi “moderado” a poupar para os dias seguintes, mas imagino o pessoal no EGT a fazer esta descida a “abrir”, deve ter sido brutal! Por aqui já conseguíamos desfrutar a paisagem do Vale Glaciar do Zêzere e de alguns pontos já avistávamos Manteigas. Terminada esta descida, corremos mais umas centenas de metros, e somos brindados com outra descida acentuada, bastante técnica pelo meio de barrocos, pinhas e caruma, que acabou por nos levar ao Vale Glaciar a caminho de Manteigas, onde terminámos o nosso treino.

Os 5 Magníficos

 

 

Em resumo foram 27,6 quilómetros neste primeiro dia, com pouco mais de 3000 metros de desnível acumulado, que foram percorridos em ritmo moderado em cerca de 4 horas. Para os curiosos o percurso efectuado neste primeiro dia está disponível clicando aqui.

Um obrigado especial ao Bruno, ao Rui, à Fátima e à Nia, por terem contribuído com energia para este empeno.

Continuação de bons treinos e de boas provas!!!

II Summer Trail Camp – O início

A ideia do Summer Trail Camp surgiu o ano passado, com a minha necessidade de treinar com maiores desníveis em montanha antes dos desafios que pretendia concluir com sucesso, nomeadamente o Grande Trail Serra d’Arga e o Arrábida Ultra Trail. O desafio foi colocado à última hora, e em 2014 fomos apenas dois a realizar o Summer Trail Camp. Este ano, apesar de ter sido eu o único a completar os pouco mais de 188 Km de treinos na semana do Summer Trail Camp, foram 18 os participantes que em um ou mais dias passaram pelos treinos do Trail Camp, um aumento de 900% face a 2014.

A edição deste ano teve novamente base no Skiparque, que reúne todas as condições para uma semana de treinos em montanha, conjuntamente com muita descontracção, ar puro, praia e boa onda entre amigos. A semana ficou igualmente marcada pelos fogos no Parque Natural da Serra da Estrela, que apesar de se encontrarem longe do Skiparque e nunca nos terem colocado em risco de segurança, acabaram por limitar alguns dos percursos que tinha inicialmente definido, acabando apenas por fazer uma subida à Torre em vez das duas programadas. Mas, quando se está preparado para reagir a estes imprevistos, tudo acontece naturalmente e o Summer Trail Camp acabou por contemplar na mesma cerca de 188 quilómetros de treino e 19000 metros de desnível acumulado, tendo sido uma semana de treinos muito importante, para mim e para outros participantes, na preparação para os desafios que se avizinham.

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Foi interessante constatar, que para além do grupo do Summer Trail Camp passaram pelo Skiparque pelo menos mais 3 grupos de pessoal que foi treinar para os trilhos da Serra da Estrela, aproveitando assim alguns dos bonitos recursos naturais que o nosso país tem para dar.

Continuação de bons treinos e de boas provas!!!

Back to business

Após umas merecidas férias quer do trabalho quer cibernéticas, cá estou de regresso com mais aventuras para contar.

E se pensam que férias para mim são sinónimo de “papo para o ar” estão muito enganados, foram semanas de muita actividade e treino, a começar na Corrida Vertical Aquashow, passando por horas e horas de dança no Andanças e a terminar no II Summer Trail Camp.

Agora é por as ideias em ordem e arranjar uns minutos para escrever e partilhar todas estas aventuras.

IMG_20150802_002741Para já o foco desportivo continua no treino para o Ultra Trail Côte d’Azur Mercantour que se aproxima a uma velocidade vertiginosa.

Estejam atentos para as novas histórias a publicar nos próximos dias.

Continuação de bons treinos e boas provas!!!